terça-feira, novembro 27, 2007

O Caminho é o Federalismo


Rodrigo Constantino

A leitura do jornal Valor Econômico hoje (27/11/2007) não deixa a menor sombra de dúvida: o caminho para salvar o Brasil passa pelo federalismo. A concentração de poder é a maior ameaça para a liberdade individual, e o modelo político brasileiro concentra poder demais em poucas mãos. Somente através de uma forte descentralização desse poder, respeitando-se o princípio da subsidiariedade e delegando maior autonomia para os indivíduos, famílias, bairros, municípios e estados, nesta ordem hierárquica, o país poderá romper os grilhões do patrimonialismo, câncer que está em estágio de metástase por aqui.

Em matéria onde divulga-se os dados do IBGE sobre as economias regionais, o jornal mostra que o PIB de São Paulo, sozinho, responde por mais de um terço do total do país. Somando-se as participações dos quatro estados do Sudeste, temos que 56,5% do PIB nacional são oriundos dessa região. Por outro lado, somando a contribuição do Norte e do Nordeste, temos que apenas 18,1% do PIB são provenientes dessas regiões. Em outras palavras, o Sudeste carrega a economia do país nas costas.

Até aí, tudo bem, já que vários países possuem forte diferença de renda entre suas regiões. Não há uma razão para todos os estados gerarem uma produção parecida. O grande problema surge quando analisamos a participação política das regiões. Em artigo publicado no mesmo dia e no mesmo jornal, de Eduardo B. Carvalho, vemos o "abismo existente entre o Congresso Nacional e a sociedade". O economista e vice-presidente do Tribunal de Contas do Estado de São Paulo mostra que há um "mal crônico" causado pela distorção de representatividade existente no Legislativo. O autor cita o problema da centralização de poder, e lembra que "a grande maioria das unidades federativas do Brasil originou-se de desmembramentos determinados pelo governo central". Há um problema de representação no Senado já em sua origem. Carvalho diz: "Dos 81 senadores, 48 são representantes do Norte e Nordeste, embora essas regiões representem apenas 36% da população". O tamanho do Sudeste na Câmara, por outro lado, tem uma representação proporcional a uma população de 64,2 milhões de pessoas, muito inferior aos seus 78,4 milhões de habitantes.

O foco do autor foi na representação em relação a população, mas o contraste fica ainda mais impressionante quando levamos em conta a contribuição econômica de cada região. O Sudeste, que responde por quase 57% do PIB nacional, possui uma participação de míseros 18% na Câmara! Aqueles que pagam a conta e sustentam a economia do país não têm voz política. Não é difícil entender o motivo de tantas injustiças legais no país. Onde a democracia é a eleição entre dois lobos e uma ovelha para o que ter de jantar, não é racional esperar um resultado justo. Aristóteles pergunta em Política: "Se, por serem superiores em número, aprouver aos pobres dividir os bens dos ricos, não será isso uma injustiça?". Claro que sim. E eis o que o sistema político brasileiro estimula, enquanto a esmola paga para milhões de nordestinos com o dinheiro do paulista e carioca garante a manutenção do modelo perverso.

Eduardo Carvalho, no mesmo artigo Apenas Sintomas de um Mal Crônico, lembra de outro fator importante: a concentração da atividade pública nos diferentes estados. No Amapá e Roraima, por exemplo, o peso governamental chega a impressionantes 42,4% e 54,1%, respectivamente. Em São Paulo, em contrapartida, esse número é de 9,1%, bem mais aceitável. Para o autor, esta super-representatividade "rompe o tênue equilíbrio entre os poderes". O poder Executivo, controlando a liberação de recursos do Orçamento da União, tem quase como reféns importante parte do Legislativo.

Por fim, vale citar ainda um outro dado estarrecedor: a liderança do ranking do PIB per capita continua com o Distrito Federal, sendo, no último dado disponível, de praticamente R$ 31 mil, comparados a R$ 19 mil registrados anteriormente. São Paulo registrou um PIB per capita de R$ 16 mil. O que Brasília realmente produz de riqueza? Na verdade, o oásis dos políticos foi criado com o suor alheio. A mentalidade coletivista e de idolatria ao Estado é a principal causa disso. Para realizar a "justiça social", eis que a burocracia precisa concentrar em si boa parte da riqueza criada pelo setor privado. Um pedágio e tanto para "cuidar do bem-estar geral".

Diante de um quadro tão caótico, espanta que a população do Sudeste e do Sul não tenham demonstrado uma revolta maior. Parece que o pacato cidadão brasileiro ainda é o melhor aliado dos políticos poderosos. Como revoluções violentas estão fora de moda e são perigosas para a própria liberdade – com a exceção da independência americana, resta mesmo o caminho da secessão ou do federalismo. O federalismo parece ser o mais factível e pacífico. O que não dá mais é para os habitantes do Sul e Sudeste pagarem esta pesada conta sem representação proporcional. E vale destacar que este modelo perverso é prejudicial para os nordestinos também. São os políticos e seus aliados que desfrutam dos benefícios deste esquema distorcido, e seu excessivo poder acaba tendo um efeito nefasto sobre a população local. Basta pensar nos velhos "caciques" nordestinos da política nacional, hoje aliados do PT de Lula, e constatar que seus "feudos" são miseráveis, como nos casos de Maranhão e Pará. É necessário descentralizar o poder no Brasil com urgência. O caminho é o federalismo.

sexta-feira, novembro 23, 2007

O Culto do Multiculturalismo


Rodrigo Constantino

“Uma cultura só tem importância se for boa para os indivíduos”. (Kwame Anthony Appiah)

Uma das maiores ameaças à liberdade individual atualmente encontra-se no culto do multiculturalismo. Vários autores notaram este risco, entre eles Thomas Sowell, da Escola de Chicago. Em sua coletânea de textos Barbarians Inside the Gates, Sowell lembra que o mundo sempre foi multicultural, por séculos antes de o termo ser cunhado. Tratava-se de um multiculturalismo num sentido prático, diretamente oposto ao que o atual culto dos relativistas culturais prega. Como exemplos, Sowell lembra que o papel onde seu livro foi escrito fora inventado na China, as letras vieram da Roma antiga e os números da Índia, através dos árabes. O autor é um descendente da África, que escrevia enquanto escutava música de um compositor russo.

A razão pela qual tantas coisas se disseminam pelo mundo todo está no simples fato de que algumas coisas são consideradas melhores que outras, e as pessoas desejam o melhor para si. Esta obviedade é justamente o contrário do que o credo do multiculturalismo atual defende, alegando que nada é melhor ou pior, mas “apenas diferente”. Na verdade, as pessoas mundo afora não apenas “celebram a diversidade”, elas escolhem aquilo de sua própria cultura que desejam manter e aquilo que preferem abandonar em prol de algo melhor vindo de fora. Quando os índios americanos, por exemplo, viram os cavalos dos europeus, eles não se limitaram a “celebrar a diferença”, eles começaram a montar em vez de ir andando. À contramão do que o culto do multiculturalismo defende, as pessoas não buscam viver “em harmonia com a natureza”, e sim obter o melhor que puderem. Eis o motivo pelo qual, desde automóveis até antibióticos, os bens demandados se espalharam pelo mundo. Não importa o que os filósofos do multiculturalismo dizem, é isso que milhões de pessoas fazem.

Para Sowell, este tipo de multiculturalismo moderno é uma dessas afetações que algumas pessoas podem se dar ao luxo de ter enquanto estão usufruindo de todos os frutos da tecnologia moderna. Normalmente não são pessoas pobres vivendo em países muito atrasados que bradam sobre as “maravilhas” das diferentes culturas. São “intelectuais” de países desenvolvidos que olham com desdém para os processos que tornam possível a produção de todo tipo de conforto que desfrutam.

Uma cultura é, segundo a definição da Enciclopédia Britânica, um padrão integrado de conhecimento humano, crenças e comportamentos que são resultados da capacidade humana de aprendizagem e transmissão de conhecimento para as gerações seguintes. Cultura consiste então em língua, idéias, crenças, costumes, códigos de conduta, instituições, ferramentas, técnicas, rituais, arte, símbolos etc. A cultura de um povo pode evoluir com o tempo. Cultura se aprende. Os relativistas culturais tentam logo acusar de “nazistas” aqueles que conseguem enxergar objetivamente instituições e costumes superiores – ignorando que Hitler falava em superioridade racial dos arianos, algo que seria inato, não aprendido. O conceito de raça humana sequer faz muito sentido. Já estoque de conhecimento, instituições, valores e avanços não só existem e variam muito de cultura para cultura, como uns são bastante superiores a outros. Ou será que alguém realmente acredita que a cultura da Suíça é apenas “diferente” daquela existente no Zimbábue, e não melhor? Será que os costumes de sacrifício infantil praticados pelos incas seriam atualmente vistos como “apenas diferentes” pelos relativistas culturais? Como conciliar isso com a demanda por um código de direitos humanos universais?

Algo inerente aos relativistas culturais, pelo fator contraditório de suas crenças, é o constante uso de dois pesos e duas medidas. Ao mesmo tempo em que relativizam todas as barbaridades provenientes da cultura atrasada que pretendem defender, esquecem o relativismo e partem para a objetividade de julgamento na hora de condenar as culturas que detestam – normalmente as mais avançadas e livres. Assim, cortar o clitóris passa a ser apenas uma “diferença cultural”, como colocar um brinco na filha. Mas o “consumismo” ocidental é algo podre, que deve ser combatido, e não apenas uma “diferença” de valores. Uma cultura que prega a morte de “infiéis” é apenas uma cultura “diferente”, enquanto se um país for se defender dessa ameaça, sua “cultura belicosa” passa a ser repugnante. Os relativistas fingem não perceber que se “tudo vale”, porque nenhuma cultura é superior a outra, então um povo pode alegar ter como valor supremo em sua cultura o extermínio de outras culturas. Com qual critério objetivo um relativista consegue julgar algo, se tudo não passa de “diferenças culturais”?

O filósofo Kwame Anthony Appiah explicou de forma bastante objetiva os riscos da visão coletivista da cultura, em detrimento ao direito de livre escolha individual. O autor, nascido em Gana, é Ph.D. pela Universidade de Cambridge e lecionou em Harvard e Princeton, além de autor do livro Cosmopolitanism, onde defende que a globalização fez bem às culturas regionais. A globalização não uniformiza, diversifica. A reclusão é que exaure a inspiração. Culturas fechadas estão fadadas ao insucesso. Basta comparar a diversidade nos Estados Unidos, com inúmeras culturas diferentes convivendo lado a lado, com a maior homogeneização de uma Coréia do Norte, isolada do mundo.

A população deve ter a liberdade de escolha de quais produtos culturais deseja consumir. Appiah dá o exemplo das camisetas que os africanos usam, deixando de lado suas roupas coloridas tradicionais. Se as camisetas cumprem a função de cobrir o corpo e são mais baratas, que mal há em deixar as vestes tradicionais para ocasiões especiais apenas? Tirar o direito de escolha dos indivíduos em nome da “preservação cultural” beira o desumano, e normalmente quem pensa assim está longe, no conforto justamente de culturas mais liberais. O mesmo vale para o resto dos produtos existentes. Os indivíduos devem ser livres para decidir qual filme desejam assistir, quais músicas querem escutar ou qual comida pretendem comer. Quanto mais liberdade de mercado, com abertura para diferentes países e culturas, maior o número de opções disponíveis. Appiah chama de “preservacionistas culturais” aquelas pessoas com bom padrão de vida em algum país ocidental, normalmente, que olham para as culturas diferentes e exóticas como algo interessante, bonito, que deveriam ser mantidas para sempre da mesma forma. Mas, como Appiah diz, “se o costume é ruim para o bem-estar de uma grande parcela daquela população, o fato de fazer parte da cultura não é motivo para insistir no erro”.

O foco deve ser o indivíduo e sua liberdade de escolha, não a tribo, a nação ou a cultura. A cultura não é um fim em si, mas um meio para a felicidade dos indivíduos. E cada um deve ser livre para escolher como quer buscar sua felicidade. Eis justamente o que o culto do multiculturalismo deseja impedir.

quinta-feira, novembro 22, 2007

O Milagre Econômico - Vídeo

O que explica o desenvolvimento econômico de alguns povos enquanto tantos outros permanecem atolados na miséria natural? Com base no livro de Peyrefitte, o vídeo expõe os principais argumentos em defesa do fator cultural, da conduta humana como motor do desenvolvimento.

http://www.youtube.com/watch?v=XEUknIFlnUo

A Queda do Muro


Rodrigo Constantino

No capítulo 6 do seu livro de memórias A Era da Turbulência (Elsevier Editora, 2007), Alan Greenspan comenta sobre os empolgantes anos da queda do Muro de Berlim em 1989 e o fim da União Soviética mais tarde. A seguir, coloco alguns trechos que considero mais interessantes.

"Como os Chevrolets 1957 nas ruas de Havana, aquela relíquia (um trator a vapor da década de 1920) representava a diferença fundamental entre sociedades sob planejamento central e sociedades capitalistas: lá não havia destruição criativa, não existia o ímpeto para construir melhores ferramentas."

"Sem mercados eficientes para determinar a oferta e a demanda, as conseqüências quase sempre são enormes excedentes de produtos que ninguém quer e enormes faltas de produtos que muita gente quer, mas que não são produzidos em volumes adequados."

"Sem a ajuda de mecanismos de formação de preços, o planejamento econômico soviético não contava com a orientação constante do feedback eficaz. Igualmente importante, os planejadores não contavam com os sinais das finanças para ajustar a alocação das poupanças para investimentos reais produtivos, que acomodassem as mudanças nas necessidades e nos gostos da população."

"Depois da Segunda Guerra Mundial, as democracias européias se deslocaram para o socialismo e o equilíbrio se inclinou na direção do controle governamental central, mesmo nos Estados Unidos – afinal, todo o esforço de guerra da indústria americana fora obra, na verdade, do planejamento central."

"Em economia, experimentos controlados raramente são possíveis, mas, com esse propósito, não se poderia desenvolver nada melhor que a comparação entre a Alemanha Oriental e a Alemanha Ocidental, nem mesmo em laboratório. Ambos os países começaram com a mesma cultura, com a mesma língua, com a mesma história e com o mesmo sistema de valores. Então, durante quarenta anos, competiram em lados opostos de uma linha, com muito pouco comércio entre si. A grande diferença sujeita a teste eram os sistemas político e econômico: capitalismo de mercado versus planejamento central."

"A queda do muro expôs um grau de decadência econômica tão devastador que surpreendeu até os mais céticos. A força de trabalho da Alemanha Oriental, constatou-se, apresentava apenas um terço da produtividade da força de trabalho da Alemanha Ocidental, bem aquém dos 75% a 85% supostos até então."

"’Fim da União Soviética – Gorbachev, último líder soviético, renuncia; EUA reconhecem independência das repúblicas’, foi a manchete do New York Times de 26 de dezembro – ao deparar com ela, lamentei que Ayn Rand não estivesse viva para vê-la. Ela e Ronald Reagan foram duas das poucas pessoas a prever, algumas décadas antes, que a URSS acabaria implodindo."

"O colapso do planejamento central não estabeleceu imediatamente o capitalismo, ao contrário das previsões róseas de muitos políticos conservadores. Os mercados ocidentais se erguem sobre vasta base de cultura e de infra-estrutura, que evoluiu ao longo de gerações: leis, convenções e comportamentos, além de profissões e práticas de negócios, que não eram necessárias nas economias sob planejamento central. Forçados a fazer a mudança da noite para o dia, os soviéticos alcançaram não o sistema de livre mercado, mas o do mercado negro. (...) Falta a certeza do direito de propriedade, pino mestre da economia de mercado. (...) Poucas pessoas arriscarão o próprio capital se as recompensas estiverem sujeitas à apreensão arbitrária pelo governo ou pelas massas."

"Marx de modo algum foi o primeiro a condenar a propriedade privada; a noção de que a propriedade privada é pecaminosa, assim como a obtenção de lucro e o empréstimo a juros, tem raízes profundas no cristianismo, no islamismo e em outras religiões. Apenas com o Iluminismo surgiram princípios opostos, que forneceram a base moral da propriedade, do lucro e do juro. John Locke, grande filósofo britânico do século XVIII, escreveu sobre o ‘direito natural’ de todos os indivíduos ‘à vida, à liberdade e à propriedade’. Essa reflexão exerceu profunda influência sobre os Pais da Pátria americana, e contribuiu para fomentar o capitalismo de livre mercado nos Estados Unidos."

"A confiança na palavra alheia, principalmente de estranhos, era outro elemento que notoriamente faltava na nova Rússia. Quase não pensamos nessa faceta do capitalismo de mercado, mas ela é crucial. (...) Nas sociedades livres, quase todas as transações são, portanto, inclusive por necessidade, espontâneas. Esses intercâmbios voluntários, por sua vez, exigem confiança. (...) Mas a confiança precisa ser conquistada; a reputação é, em geral, o ativo mais valioso de uma empresa."

"Por fim, ainda persiste certo protecionismo latente, nos Estados Unidos e alhures, que pode emergir como força poderosa contra o comércio e as finanças internacionais, debilitando o próprio capitalismo de livre mercado, mormente se a economia mundial de alta tecnologia, hoje predominante, perder o viço. Entretanto, o veredicto contra o planejamento central já havia sido proferido, e fora inequivocamente adverso."

Infelizmente, grande parte do povo brasileiro ainda não acordou para este fato!

quarta-feira, novembro 21, 2007

O Espírito Socrático



Rodrigo Constantino

"O principal antídoto para a credulidade é, numa era de emancipação individualista, a ação completa e livre do espírito crítico." (Irving Babbitt)

Em Democracia & Liderança, Irving Babbitt defende uma maior responsabilidade moral dos indivíduos, alegando que a postura crítica diante dos "ideais" se faz fundamental para resgatar os padrões e evitar os conceitos vazios. Para Babbitt, se os "revolucionários modernos experimentaram desilusões de severidade quase sem paralelo, foi com freqüência porque emprestaram suas imaginações às palavras, sem se assegurarem de que essas palavras tinham correspondência com as coisas". A Revolução Francesa e seu famoso slogan "liberdade, igualdade e fraternidade" são bons exemplos disso. A definição correta dos conceitos é fundamental para qualquer civilização. Quem deseja atacar uma civilização, costuma sempre adulterar os conceitos básicos de certas palavras, atribuindo sentidos muitas vezes opostos a elas.

No mundo moderno, essa inversão de conceitos parece cada vez maior. O adjetivo "social", por exemplo, costuma ser aplicado de forma insistente em tudo que é expressão, conquistando uma legião de autômatos através das emoções. Nos Estados Unidos, foco das preocupações de Babbitt, a esquerda foi tão eficiente na manipulação de conceitos que até o termo "liberal" passou a ser associado a políticas claramente antiliberais, que pregavam sempre maior intervenção estatal na economia. Para ele, "o sofista e o demagogo florescem numa atmosfera de definições vagas e imprecisas". Um dos conceitos mais deturpados de todos é, sem dúvida, o conceito de justiça. Adicionando-se o termo mágico "social" à palavra justiça, tem-se a morte da verdadeira justiça e sua substituição por algo totalmente diferente, arbitrário e vago, que costuma levar a grandes injustiças. Justiça social, como muito bem coloca Babbitt, "significa na prática justiça de classes, justiça de classes quer dizer luta de classes, e luta de classes, levando-se em conta toda a experiência do passado e do presente, significa o inferno".

Babbitt se mostrava bastante cético com a democracia num ambiente sem respeitáveis lideranças nas minorias. Ele via o homem médio como naturalmente indolente do ponto de vista espiritual, ou seja, as massas não teriam o desejo de reconhecer padrões nem se disciplinar com referência a eles, preferindo "se expandir livremente de acordo com seu desejo dominante". Nesse contexto, o homem "se apega avidamente a qualquer coisa que pareça favorecer seu desejo". A "vontade popular" acaba levando ao imperialismo, significando "a vontade de uma multidão de homens que mais e mais se emanciparam dos padrões tradicionais" e cada vez mais se entregam à busca irresponsável de emoções. Essa simpatia pelo homem comum pode ser, no fundo, demagógica: "O idealista democrático, todavia, quando recorre ao homem comum, não o faz pensando na sobriedade de seu julgamento. Ele raciocina sempre com a vontade imediata de uma maioria numérica". Para Babbitt, "a noção de que a sabedoria está na maioria popular num determinado momento deveria ser a mais desacreditada de todas as falácias". Babbitt especula que Jesus teria sido escolhido, pelo voto, para morrer na cruz em vez de Barrabás, tivesse ocorrido um plebiscito em Jerusalém. Sócrates recebeu o veneno de cicuta como castigo por "corromper a juventude e crer em deuses diferentes", praticamente num referendo popular.

Falando em Sócrates, eis justamente o que Babbitt considera um bom escudo contra essa "psicologia das massas", que coloca as emoções acima do julgamento crítico: o questionamento socrático. Com a ajuda do crítico socrático, segundo Babbitt, "o povo poderia ter alguma oportunidade de distinguir entre amigos e bajuladores". Afinal, como é sabido, o diabo não é muito perigoso a menos que passe por um anjo. O alerta de Schopenhauer seria importante aqui: "Quem espera que o diabo ande pelo mundo com chifres será sempre sua presa". Muitas vezes o diabo reveste seus chifres com a capa do altruísmo, ou então manipulando conceitos e dando significado contrário às palavras, bem ao estilo orwelliano do "duplipensar". A fórmula revolucionária contida no slogan da Revolução Francesa, já citado acima, é em si "apenas um portentoso jogo de palavras". Em vez de liberdade, veio a escravidão; em vez da igualdade, vieram os novos privilégios; e em vez da fraternidade, veio o Grande Terror de Robespierre. Fraternidade passava a significar guilhotina. Os fins justificam os meios. O monopólio da virtude supostamente presente nos revolucionários fornece uma carta branca para as mais espantosas atrocidades. Não foi diferente na revolução bolchevique liderada por Lênin.

É importante destacar que os inimigos da verdadeira liberdade não são apenas diabos com chifres que deliberadamente desvirtuam conceitos. O caminho do inferno está repleto de bem-intencionados. Como lembra Babbitt, "acreditar que as boas intenções são suficientes para lidar com os homens é o mesmo que achar que elas bastam para um químico que trabalha com altos explosivos". Afinal, "sob certas condições, a própria natureza humana pode se transformar no mais poderoso dos explosivos". A fé num messias salvador, no "bom revolucionário", costuma representar justamente isso: o imperialismo como fruto da boa intenção. Muitos homens se sensibilizam com uma personalidade impressionante, "ao passo que poucos são capazes de pesar as tendências fundamentais das idéias". Novamente, as emoções solapam o julgamento crítico dos indivíduos, levando ao caos e a resultados opostos àqueles intencionados.

Os demagogos, aproveitando-se das emoções das pessoas e manipulando o conceito das importantes palavras, acabam direcionando a nação rumo à tirania, caso não haja uma mentalidade mais crítica no povo e, principalmente, nas lideranças. Babbitt alerta: "A disputa democrática, a que todos deveriam ter chance, é excelente, desde que cada um tenha a oportunidade de se igualar aos padrões elevados. Se a extensão democrática da oportunidade for, por outro lado, um pretexto para rebaixar os padrões, a democracia será, então, incompatível com a civilização". Babbitt, que era americano, escrevia basicamente para o público americano. Todos aqueles que vivem na América Latina tem a obrigação de levar ainda mais a sério o seu alerta. A "justiça social" nessa região parece um conceito divino, que permite qualquer tipo de agressão à propriedade e à verdadeira justiça. Por outro lado, o espírito socrático da população – inclusive das lideranças – é praticamente inexistente.

terça-feira, novembro 20, 2007

Feriado Racista


Rodrigo Constantino

Comemora-se hoje o “Dia da Consciência Negra”, mais um feriado num país recordista de feriados – como se o país fosse rico o bastante para se dar este luxo. Entendo que políticos foquem sempre em grupos de minorias, buscando garantir privilégios em troca de votos. Entendo também que os demais não se importam, pois afinal, trata-se de mais um dia de ócio nada criativo, para um povo que idolatra a preguiça. Mas é preciso constatar o óbvio, mesmo contra a ditadura do politicamente correto: este é um feriado claramente racista!

No seu famoso discurso “My Dream”, Martin Luther King Jr. enalteceu as passagens da Declaração de Independência americana, que prega um tratamento isonômico das pessoas, considerando que todos são iguais perante a lei. Depois ele condena os atos de violência contra os negros, que eram, de fato, vítimas de absurdos nos Estados Unidos. O racismo intencional era combatido, portanto. E a passagem mais famosa e importante diz que ele tinha um sonho, de que seus quatro filhos iriam um dia viver em uma nação onde não seriam julgados pela cor da pele, mas sim pelo conteúdo do caráter. Perfeito! Justo, íntegro e admirável. Devemos julgar indivíduos por suas ações individuais, por suas crenças morais e sua conduta, por seu caráter enfim. Palavras de um dos maiores líderes negros da América.

Mas tanto o regime de cotas raciais adotados no Brasil como o feriado do “Dia da Consciência Negra” vão à contramão dessa mensagem. Estão fomentando cada vez mais o racismo no país que, até então, convivia bem com sua miscigenação “racial”. Um branco que for barrado de uma universidade por conta do regime de cotas racistas terá o ressentimento alimentado contra os negros. O caso dos irmãos gêmeos foi sintomático, onde um deles entrou pelo regime de cotas e o outro foi vetado. É isso que estão estimulando no país: abandonar totalmente os conceitos de mérito individual e adotar como critério a cor da pele, ainda sujeito a erros grosseiros como este. Se o indivíduo é negro, amarelo, pardo ou branco, isso não diz absolutamente nada acerca de seus valores e caráter. Existem negros admiráveis e negros pérfidos, assim como brancos admiráveis e brancos pérfidos. Mas ninguém é admirável apenas por ser negro, até porque não há escolha moral nisso. Seria como admirar alguém por ser alto ou baixo. Não faz sentido algum.

Sei que nem todos na esquerda aprovam as cotas racistas ou este tipo de feriado, mas são bandeiras claramente esquerdistas. Afinal, a esquerda adora disseminar o ódio entre grupos, pregar a luta entre patrões e empregados, brancos e negros, mulheres e homens, heterossexuais e homossexuais etc. Nossa esquerda parece um abutre, que vive da carniça dos outros, e propaga idéias que dividem em vez de unir. Em breve, poderão sugerir o “Dia da Consciência Gay”, ou quem sabe o “Dia da Consciência Proletária”. Um esquerdista típico não consegue julgar isoladamente os indivíduos, apelando sempre para um coletivismo tribalista. E vai assim disseminando um clima de disputa constante entre grupos, ignorando que quem age, de fato, são sempre indivíduos. É nesse contexto que se tem o “Dia da Consciência Negra”, um feriado totalmente racista.

segunda-feira, novembro 19, 2007

Deus é Brasileiro?


Rodrigo Constantino

"I don't know if God exists, but it would be better for His reputation if He didn't." (Jules Renard)

Einstein qualificava o nacionalismo como a "doença infantil da humanidade". Quando vejo as reações de muitos brasileiros a esta nova "descoberta" do poço gigante Tupi, lembro desse alerta. Até a respeitada revista The Economist fez uma brincadeira com o ditado popular "Deus é brasileiro", alegando que, além de toda a beleza e recursos naturais aqui presentes, o Brasil ainda tem muito petróleo. Mas será que isso é realmente algo fantástico, a ser comemorado por todos os brasileiros?

Os seis maiores exportadores de petróleo do mundo, segundo a CIA World Fact Book, são: Arábia Saudita, Rússia, Noruega, Irã, Emirados Árabes e Venezuela. Por outro lado, os seis maiores importadores de petróleo do mundo são: Estados Unidos, Japão, China, Alemanha, Coréia do Sul e Holanda. Em qual dos dois grupos o leitor preferiria estar? Na verdade, a existência de vastos recursos naturais, especialmente o petróleo, pode até mesmo prejudicar o progresso de uma nação, caso não existam instituições adequadas e educação. Pode-se até falar em "maldição do ouro negro", pela caótica situação em que muitos países produtores de petróleo se encontram. A enxurrada de petrodólares incentiva a corrupção e a concentração de poder político. Além disso, existe o risco da "doença holandesa", quando a exportação de uma única commodity em grande escala pode pressionar a valorização do câmbio, afetando negativamente o restante das indústrias do país. A riqueza de um povo não é fruto de seus recursos naturais, mas sim de sua conduta, do capital humano. Se isso já era verdade antes, imagine na era da informação, onde a Google vale quase US$ 200 bilhões!

A renda per capita média dos seis maiores exportadores de petróleo está na faixa dos US$ 23 mil, contando ainda com a presença da Noruega, país com pequena população e bastante educada, e dos Emirados Árabes, com população também minúscula e razoável abertura econômica. A renda per capita dos seus maiores importadores de petróleo, por outro lado, está na casa dos US$ 29 mil, mesmo abrigando a China, país pobre pela terrível herança comunista. Mesmo assim, temos que a renda per capita dos importadores é 25% maior que a dos exportadores. Se retirarmos a Noruega e os Emirados Árabes do primeiro grupo, e a China do segundo, temos uma diferença de mais de 300%! Em outras palavras, a renda per capita média dos principais importadores de petróleo é três vezes maior que a renda média dos principais exportadores, com algumas exceções. E não resta dúvida que o Brasil, por todas as suas características, parece mais uma Venezuela do que uma Noruega!

Com esses dados em mente, podemos perguntar: Deus é mesmo brasileiro? Assumindo que Deus existe, teríamos que atribuir a Ele toda a beleza e recursos naturais do país, mas sem deixar de lado os 50 mil homicídios por ano, a miséria, a corrupção, Brasília etc. E não podemos esquecer de Lula, é claro! Se Deus é brasileiro, por que o presidente do Brasil é o Lula? Como diz a frase da epígrafe, não sei se Deus existe, muito menos se é brasileiro, mas com certeza seria muito bom para Sua reputação que ele não fosse brasileiro! Eu é que não gostaria de ser o responsável por um país como esse...

Em resumo, a riqueza de uma nação não depende de seus recursos naturais, e vários exemplos comprovam isso. Cingapura e Hong Kong são lugares ricos, sem um único recurso natural. O Japão é um país rico, tendo que importar todo o seu petróleo. Por outro lado, Venezuela, Nigéria, Rússia e Irã são países repletos do ouro negro, mas pobres. A Petrobrás já é um antro de corrupção, usada como veículo político pelo PT. Financia empresários corruptos, artistas engajados na defesa do socialismo, e até mesmo o MST, através de propaganda em sua revista. Enquanto a Petrobrás for estatal, não vejo motivo para comemorar mais reservas em seu poder. Isso significa mais poder para o PT de Lula. O brasileiro, enquanto repete com orgulho "o petróleo é nosso", paga uma das gasolinas mais caras do mundo. E por conta de um ufanismo boboca, aplaude o anúncio do poço Tupi feito de forma espalhafatosa pela ministra Dilma, ao lado do presidente Lula.

Schopenhauer dizia: "A individualidade sobrepuja em muito a nacionalidade e, num determinado homem, aquela merece mil vezes mais consideração do que esta". O Brasil ainda é dominado por uma mentalidade extremamente coletivista e nacionalista. A nação passa a ser um ente concreto, com interesses próprios, um fim em si, transformando os "cidadãos" em meios sacrificáveis. Os súditos de Brasília seguem cada vez mais no caminho da servidão, mas vibram com o pão e circo oferecido pelo governo paternalista. Voltando a Einstein, o físico dizia também que tanto o universo como a estupidez humana eram infinitos, mas ele não estava certo quanto ao universo. E olha que ele nem era brasileiro, diferente de Deus...

sábado, novembro 17, 2007

A Culpa do Ocidente - Vídeo

A miséria dos países pobres pode ser explicada através da riqueza dos países ricos? Seria o progresso de uns fruto da exploração de outros? Em resumo: o Ocidente tem culpa pela situação de pobreza no Terceiro Mundo? Esse vídeo pretende responder essas questões, derrubando as falácias esquerdistas através dos argumentos de Lord Bauer, economista da London School of Economics.

http://www.youtube.com/watch?v=w4hLCl0oZEo

segunda-feira, novembro 12, 2007

A Petrobrás para os Pobres!


Rodrigo Constantino

Tenho uma sugestão a fazer: dar a Petrobrás para os pobres e acabar com o Bolsa-Família! Pretendo sustentar minha proposta com números a seguir, mostrando como essa medida seria vantajosa para quase todos os brasileiros, excluindo apenas uns poucos privilegiados que abusam da condição de estatal da empresa.

Em valores aproximados, o governo gasta algo como R$ 10 bilhões por ano com o Bolsa-Família, beneficiando cerca de 11 milhões de famílias. Supondo que esse gasto não irá sofrer aumento real, apenas acompanhando a inflação, podemos calcular seu valor presente através do fluxo futuro por uma taxa de desconto. Os títulos do governo com prazo mais longo, para 2045, oferecem um retorno real de aproximadamente 6,5% ao ano. Utilizando esta taxa, temos que o valor presente do gasto com o Bolsa-Família, partindo da premissa que ele não irá aumentar mais que a inflação, supera um pouco os R$ 150 bilhões. Em outras palavras: se o governo fosse aplicar uma quantia nos seus próprios títulos e usar o retorno para bancar o programa social do Bolsa-Família, seriam necessários esses R$ 150 bilhões hoje.

A Petrobrás, por sua vez, tem um valor de mercado de aproximadamente R$ 370 bilhões, já considerando a alta das ações após o anúncio da "descoberta" de Tupi, o poço gigante. O governo detém, através da União Federal, 32,2% do capital total da empresa. Não vou levar em conta a participação expressiva que ele possui através do BNDES. O valor da parcela estatal na Petrobrás é, portanto, de aproximadamente R$ 120 bilhões. Ou seja, se o governo vendesse sua participação na empresa ao valor de mercado atual e aplicasse o montante todo nos seus próprios títulos, ele não seria capaz de pagar o Bolsa-Família "somente" com estes recursos. O Bolsa-Família custa mais para o governo do que a Petrobrás vale para ele!

No entanto, a quantia que o governo realmente recebe como acionista da empresa por ano é bem menor, através dos dividendos. No ano passado, por exemplo, a Petrobrás pagou algo próximo a R$ 7 bilhões como dividendos, e a parcela do governo seria de uns R$ 2,2 bilhões. Supondo que este dividendo fosse mantido constante em termos reais, seu valor presente, descontado pela mesma taxa usada para o Bolsa-Família, seria de R$ 35 bilhões. Ou seja, se a Petrobrás não aumentar muito seus dividendos, o governo irá receber em dinheiro dela apenas um quarto do que gasta todo ano com o Bolsa-Família. Podemos dizer ainda: o governo necessitaria de 4 Petrobrás para bancar o Bolsa-Família através dos dividendos que recebe como acionista.

Eis porque minha proposta faz muito sentido. O governo distribui suas ações na Petrobrás de forma igual entre todos os cadastrados no Bolsa-Família hoje, e anuncia o fim do programa Bolsa-Família. Como conseqüência, cada família irá meter a mão em quase R$ 11 mil imediatamente. Esse é o valor atual da participação estatal na empresa dividido pelos 11 milhões do Bolsa-Família. Esse valor corresponde a quase 150 meses de recebimento do Bolsa-Família, ou mais de 12 anos! Cada família pobre teria acesso a este capital para investir como quisesse, bastando vender as ações para quem desejasse comprá-las. Esta seria uma decisão individual. Se a Petrobrás é "nossa", nada mais justo do que cada um escolher o que fazer com a sua própria parte. No caso, o restante do povo abre mão da sua parcela para ajudar os mais pobres. Não é preciso apelar para o altruísmo para defender isso.

A classe média ganha muito com essa medida também, pois o governo acaba com o Bolsa-Família, cuja burocracia custa caro, sem falar do foco de corrupção e da compra de votos. Além disso, a classe média já não vê a cor do dinheiro no fato da Petrobrás ser "nossa" mesmo, pois paga uma das gasolinas mais caras do mundo. Quem se beneficia da Petrobrás como estatal são apenas os políticos, que a utilizam como moeda de troca, os empresários corruptos, que fornecem produtos para a estatal pela amizade com o governo a preços super-faturados, os artistas "engajados", que recebem verba da estatal para fazer proselitismo, e os incompetentes burocratas, que não seriam aceitos nem como gerentes numa Exxon, mas assumem o comando da empresa por pura afinidade política com o governo. Além disso, o governo iria arrecadar muito mais dinheiro através de impostos, pois a Petrobrás privatizada teria uma gestão mais profissional e seria muito mais eficiente, como comprovam todas as privatizações já realizadas. O governo passou a receber muito mais em forma de impostos quando a Usiminas, CSN, Embraer, Telebrás e ferrovias passaram para as mãos do setor privado. Não há um único motivo para achar que seria diferente com a Petrobrás.

Em resumo, minha sugestão seria benéfica para a grande maioria do povo brasileiro. Como os esquerdistas nacionalistas costumam apelar para a retórica de que "o petróleo é nosso", minha proposta não deixa saída lógica para eles a não ser aceitar, pois nada mais justo que o próprio povo assumir o controle da empresa diretamente. Esse controle só iria parar em mãos estrangeiras se o próprio povo assim desejasse, cada um votando diretamente com sua própria ação. Além disso, a retórica esquerdista de que os mais ricos devem sustentar os mais pobres também é atendida nesse caso, não deixando escapatória para a esquerda. Os "mais ricos" abrem mão de sua parte, doando toda a empresa para os mais pobres, hoje dependentes do Bolsa-Família. Como algum esquerdista terá a coragem de ser contra esta proposta? Vamos dar a Petrobrás para os pobres!

quinta-feira, novembro 08, 2007

O Massacre na Finlândia


Rodrigo Constantino

Após o choque inicial por mais um caso de desgraça causada por um maluco qualquer, alguns pontos ficam como reflexão desta chacina realizada na Finlândia. Em primeiro lugar, trata-se de um país pequeno e rico, com pouco mais de cinco milhões de habitantes e renda per capita acima de US$ 30.000. Além disso, demonstra pouca desigualdade, com um índice Gini abaixo de 30, e desponta como o 11º no ranking de IDH. Não obstante, um maluco admirador dos ditadores Hitler e Stalin saiu atirando nos colegas, matando 8 pessoas na escola. Uma das primeiras questões que surgem é: como a mídia em geral iria encarar o fato ocorrido fosse ele numa escola dos Estados Unidos?

Como todos sabem, boa parte da mídia tenta passar a (falsa) idéia de que massacres deste tipo ocorrem com grande freqüência nos Estados Unidos, como se fosse algo extremamente comum, parte do cotidiano americano. E claro que não afirmam se tratar de casos isolados de desequilibrados com sérios problemas mentais. Os antiamericanos de plantão tentam culpar a "cultura da violência" supostamente existente lá, ou então a facilidade em se obter armas. Mas não há nem mesmo correlação entre posse de arma per capita e índice de violência. Como podem alegar causalidade entre uma coisa e a outra então? A própria Finlândia, que costuma ser um país tranqüilo, conta com elevado índice de posse de armas. Além disso, será que essa gente faz cálculos de quantos atos bárbaros desses ocorrem em relação ao tamanho da população? Não vamos esquecer que já vivem mais de 300 milhões de pessoas nos Estados Unidos. Michael Moore é um que parece não estar interessado nos fatos, mas sim em manipulá-los, adicionando mentiras grosseiras, para pintar um quadro terrível do país onde vive. Como será que o mundo iria ver a Finlândia se lá existisse alguém pérfido e oportunista como Moore, que recentemente chegou até a defender a "saúde" cubana?

Uma segunda coisa que chama a atenção é o fato de o assassino ser um admirador de Hitler e Stalin. Para as pessoas normais, não há nada demais aqui: Hitler e Stalin eram muito parecidos em vários aspectos, farinha do mesmo saco podre. Mas é preciso explicar isso para aqueles que se pegam dogmaticamente nos rótulos, e por ser Hitler de "extrema direita" e Stalin de "extrema esquerda", consideram o nazismo e o comunismo extremos opostos. Ora, Thatcher era de "direita", e por acaso isso a coloca mais perto de Hitler do que este de Stalin? Claro que não. No fundo, os socialistas fazem de tudo para dissociar o nacional-socialismo dos demais tipos de socialismo, e a cara-de-pau é tanta que chegam a colocar o nazismo no mesmo saco do liberalismo! Alguém poderia imaginar um louco desses se dizendo seguidor de Mises e Hitler, ou Hayek e Hitler? Seria piada. Não vamos esquecer que o assassino era louco, mas não necessariamente burro.

Em resumo, é sempre triste ver o que alguns "seres humanos" são capazes de fazer. Essas tragédias chocam o mundo, justamente porque são incomuns, atos bárbaros de verdadeiros monstros. Não importa se elas ocorrem nos Estados Unidos, na Alemanha, na Rússia ou mesmo na Finlândia, são chocantes, pois são obras de delinqüentes sem nenhum resquício de empatia pelos outros homens. São verdadeiros psicopatas, e é muita safadeza dos antiamericanos, sempre que algo assim se passa no quintal americano, tentar colocar a culpa no modus vivendi deles. Tamanho grau de antiamericanismo é totalmente patológico. E o único objetivo desses doentes é culpar os Estados Unidos por todos os males do mundo. Talvez tentem fazer isso até mesmo no massacre da Finlândia. Podem sempre alegar que a culpa, no fundo, reside nos filmes violentos americanos, ignorando os desenhos superviolentos japoneses, por exemplo. Quando o único fim é massacrar os americanos e seu estilo de vida, esses antiamericanos parecem agir como o psicopata do massacre finlandês: movidos por pura patologia!

quarta-feira, novembro 07, 2007

A Influência da Política nos Mercados Financeiros



Rodrigo Constantino

O poder dos políticos é enorme em relação aos mercados financeiros. Num mundo onde os governos chegam a arrecadar metade da riqueza gerada em forma de impostos, dita as regras dos mercados nos mínimos detalhes, controla uma burocracia onipresente e cria inúmeras barreiras protecionistas, parece óbvio que os impactos indiretos nos mercados financeiros são absurdamente elevados. Mas este texto irá tratar de um caso específico e mais recente, que permite uma influência grande e direta nos mercados por parte de poucos políticos: o acelerado crescimento das reservas sob a gestão dos países emergentes.

De forma bastante resumida, temos que o despertar do dragão chinês, aderindo parcialmente ao capitalismo global, e uma profunda revolução tecnológica e financeira mundial fizeram com que a economia global experimentasse anos seguidos de forte crescimento. O caso chinês é especial pela sua magnitude. Com o afrouxamento do controle centralizado e uma gradual abertura econômica, a China vem mostrando um crescimento de dois dígitos faz tempo. Isso tem pressionado muito o preço das commodities, já que a China é grande importadora da maioria desses produtos. Um exemplo típico está no petróleo, que a China, maior importadora do mundo na margem, tem pressionado para cima, fazendo o preço do barril ultrapassar os US$ 90. O mesmo vale para o minério-de-ferro, beneficiando a brasileira CVRD. Em geral, o crescimento econômico puxado em boa parte pela pujança chinesa fez o preço das commodities disparar nos últimos anos. O CRB, índice composto por várias dessas commodities, praticamente dobrou desde 2001.

Um dos resultados disso é o fato de que os países emergentes, normalmente exportadores de matérias-primas, têm acumulado muito dinheiro em reservas. A Rússia, grande exportadora de petróleo e gás, já possui mais de US$ 400 bilhões em reservas internacionais. O Brasil conta com mais de US$ 160 bilhões. Os países árabes sentam em cima de uma outra pilha bilionária de dólares, cada vez maior por causa do aumento no preço do ouro negro. O Goldman Sachs estima que, desde 2001, os países importadores de petróleo já transferiram um valor adicional de US$ 3 trilhões para os produtores de petróleo, por causa do aumento de preço. A própria China, que apresenta um superávit crescente pela sua competitividade no custo de mão-de-obra aliada a uma moeda artificialmente desvalorizada, já tem quase US$ 1,5 trilhão em reservas. A Índia, que vive algo similar, aproveitando sua elevada competitividade no setor de serviços, possui mais de US$ 200 bilhões em reservas. Em resumo, países emergentes, ainda sob forte controle estatal, são detentores de trilhões de dólares em reservas cambiais. A decisão de poucos políticos e tecnocratas desses países pode influenciar tremendamente o rumo dos mercados.

O bom funcionamento dos mercados depende da interação de milhões de indivíduos em busca dos próprios interesses, tentando maximizar suas utilidades de forma racional. Será que esta premissa continua valendo quando alguns poucos políticos, por interesses que não são econômicos, direcionam bilhões através de uma canetada? Quando Warren Buffett decide apostar numa moeda, numa ação ou num título de governo, com certeza ele leva em consideração todos os riscos e benefícios esperados na aposta. É evidente que indivíduos e investidores do setor privado erram, e muito. Mas o funcionamento dos mercados é infinitamente mais eficiente quando estes investidores tomam suas decisões com base nos fatores econômicos conhecidos. Além disso, são tantos investidores e especuladores buscando acertar que os erros de uns acabam compensados pelos acertos dos outros, ao longo do tempo. Excessos irão ocorrer, sem dúvida. Movimentos de manada são comuns nos mercados financeiros, cujo contágio psicológico ocorre com alguma freqüência. Mas nada disso se compara ao risco de um poderoso político, interessado apenas em questões políticas, ter o controle sobre bilhões de dólares para alocação.

Por isso os mercados reagem tanto aos comentários desses políticos. Quando um oficial do governo chinês afirma que considera o dólar uma moeda sob forte ameaça de perder valor, vários investidores correm para comprar euros. Faz sentido: o governo chinês, resolvendo diversificar suas reservas e reduzir a parcela em dólares, pode afetar razoavelmente seu preço. A decisão desses governos não necessariamente é econômica. Muitas vezes é uma estratégia geopolítica. Hugo Chávez, por exemplo, controla bilhões de dólares oriundos do petróleo venezuelano, e todos sabem que as decisões de alocação desta montanha de dinheiro têm sido puramente políticas. As compras de títulos do governo argentino, investimentos no Brasil (inclusive no nosso carnaval), e compras de jatos militares são provas disso, mostrando que o caudilho busca apenas mais poder político na região. Alguém consegue acreditar que o líder do Irã, Ahmadinejad, toma decisões razoáveis na alocação dos seus petrodólares? Um país repleto de petróleo investir tanto no enriquecimento de urânio não parece ser uma decisão racional do ponto de vista econômico. Claro que no fundo o governo iraniano deseja ter uma bomba atômica, algo que não ajuda em nada a economia mundial.

Os exemplos não acabam aqui. Dubai tem investido bastante em turismo, mas com certeza não parece fazer muito sentido construir uma enorme pista de ski artificial no meio do nada. Putin tem feito de tudo para manter seu poder na Rússia, assim como o poder da Rússia nos países vizinhos, e uso como arma para tanto seus recursos naturais. Até mesmo o Japão, que conta com quase US$ 1 trilhão de reservas, sofre pesada influência de poucos políticos, já que o Ministério das Finanças é quem investe a maior parte dessas reservas. O meio político sempre irá contar com menor transparência e responsabilidade pelas decisões, pois o dinheiro é da "viúva". Os incentivos simplesmente não são adequados, e a corrupção é sempre um grave problema.
Para concluir, entre as várias mudanças que o mundo vem experimentando nos últimos anos, essa transferência de poder econômico do setor privado para o setor público, particularmente para os governos de países emergentes, é algo que deve ser monitorado de perto. Não resta dúvida de que esse maior poder político nos mercados financeiros aumenta os riscos de distorções nos preços dos ativos. Afinal, ninguém em sã consciência iria escolher Chávez como gestor de portfolio em vez de Buffett.

domingo, novembro 04, 2007

A Politização dos Empregos


Rodrigo Constantino

“O poder sindical é essencialmente o poder de privar alguém de trabalhar aos salários que estaria disposto a aceitar.” (Hayek)

O debate sobre o sindicalismo está de volta, com uma escancarada luta pela manutenção de privilégios à custa do povo. Os reacionários que desejam manter o imposto obrigatório para sustentar os sindicatos utilizam até ameaça de violência. Muita gente acredita que os sindicatos são benéficos para os trabalhadores. Por uma visão distorcida de que patrões pretendem explorar empregados, essas pessoas acham que esses poderosos sindicatos fortalecem o lado mais fraco dessa “luta de classes”, possibilitando ganhos maiores para os “explorados”. Nada mais longe da verdade.

Em primeiro lugar, os empresários, em um ambiente competitivo, terão total interesse na boa qualidade de vida dos seus empregados. Afinal, funcionário feliz é produtividade maior. Várias empresas foram inovando nesse sentido, para melhorarem o ambiente de trabalho dos seus empregados, ganhando muito em eficiência com isso. A Souza Cruz, por exemplo, possui uma grande academia para funcionários, enquanto a Embraco estimula a união dos empregados com enormes centros esportivos. No Vale do Silício, as empresas de internet são totalmente informais, e depositam grande foco na questão do bem-estar dos empregados. Várias empresas criaram espontaneamente creches, para que as mães pudessem trabalhar perto dos filhos pequenos. Os exemplos são infindáveis. A competição capitalista e a busca do lucro fazem com que os empresários gastem bastante energia na questão da produtividade da mão-de-obra, e esta depende muito da satisfação e qualidade de vida dos empregados.

Na contramão desse interesse mútuo de patrão e funcionário, estão os sindicalistas, que objetivam somente poder político, para que poucos poderosos usufruam de regalias desmerecidas. Vários líderes sindicais levam uma vida de verdadeiro luxo, graças ao poder político que têm nas mãos. Esses sindicatos monopolizam a oferta de emprego, via coerção, e passam a ser os contratantes, inviabilizando que empregados negociem diretamente com o patrão. Em nome dos interesses dos funcionários, esses poucos sindicalistas poderosos maximizam seus interesses particulares, muitas vezes em detrimento dos interesses reais dos trabalhadores.

A lei atual que trata dos sindicatos foi inspirada no fascismo de Mussolini, e garante um poder absurdo a tais entidades. Alguns sindicalistas são tão ricos que possuem até aviões, lanchas e carros blindados, fruto de uma concentração de poder enorme que pressiona os empresários, não a melhorarem a qualidade de vida dos empregados, mas sim a dos próprios sindicalistas. Os sindicatos assumem o poder de patrão de facto, não pelas vias competitivas econômicas, mas sim pela via política. Quem paga o preço é o restante do país, como os consumidores que pagam preços maiores pela menor eficiência das empresas, os desempregados que aceitariam outras condições de trabalho se fossem livres para negociar diretamente com os patrões, ou os empresários que são forçados a reduzir a eficiência operacional para bancar a festa dos sindicatos poderosos. Todos perdem, os poderosos sindicalistas ganham.

Para quem acredita mesmo que os sindicatos que trouxeram as vantagens atuais existentes em vários empregos, vale lembrar quem é responsável pelas inovações nas empresas. Imaginem voltarmos um século no tempo e darmos total poder aos sindicatos. Alguém acha que essas pessoas seriam capazes de criar a décima parte que foi criado por empreendedores, criações que facilitaram e muito a vida dos trabalhadores? Alguém acredita que Luizinho iria inventar o ar condicionado ou o microondas? Alguém acha que o Paulinho teria a idéia de criar o programa de stock options para estimular a produtividade? Alguém acha que o pessoal da CUT teria capacidade de inventar o Modelo T da Ford, e todos os demais carros que se seguiram? Algum líder sindical teria a capacidade de criar a Internet?

Todos os avanços obtidos na produção de bens e serviços foram possíveis através da mente inovadora de alguns, e é o processo competitivo do capitalismo que permite que tal progresso chegue às massas. Os sindicatos não passam de uma barreira artificial nesse processo natural, cobrando um enorme pedágio para que o gargalo seja desobstruído. Monopolizando a oferta de trabalho na marra, através do poder político, os sindicatos exploram os trabalhadores e empresários em nome da luta contra a exploração. Os verdadeiros ganhos dos trabalhadores vêm da competição livre entre empresas. Os sindicatos poderosos acabam muitas vezes sendo um entrave neste caminho, representando a politização dos empregos. Limitar o estrago causado pelos sindicatos é fundamental para a liberdade dos trabalhadores.

Foi o que Thatcher fez na Inglaterra. Os sindicatos mafiosos conquistavam cada vez mais poder, paralisando a nação através de violentas greves, onde os trabalhadores não eram livres para não aderir. A Primeira-Ministra enfrentou com determinação esse grupo de privilegiados, para o grande benefício da economia inglesa e, por conseqüência, dos trabalhadores ingleses. Reagan foi pela mesma linha nos Estados Unidos, no famoso caso da greve dos controladores de vôo. Quando os sindicatos se transformam num poder paralelo, abusando inclusive do poder de violência ou ameaça de seu uso, faz-se necessário combater com firmeza este mal, pois são justamente os trabalhadores, supostamente os defendidos pelos sindicatos, que mais perdem. Não é por acaso que a contribuição sindical costuma ser compulsória. Ora, se os sindicatos são realmente úteis e desejáveis por parte dos trabalhadores, nada mais justo do que a colaboração ser voluntária. Quem defende a manutenção do imposto sindical está dando um atestado de que reconhece a ineficiência deste meio para atender as demandas dos próprios trabalhadores. Quando vemos os métodos usados na defesa da manutenção do privilégio, extremamente violentos, isso fica ainda mais evidente.

sábado, novembro 03, 2007

Chega de Impunidade! - Vídeo

A impunidade é uma das principais causas da criminalidade. É preciso dar uma basta a isso. Chega da cultura do "coitadismo", como se os criminosos fossem as vítimas. Chega de impunidade! A impunidade é uma das principais causas da criminalidade. É preciso dar uma basta a isso. Chega da cultura do "coitadismo", como se os criminosos fossem as vítimas. Chega de impunidade!

Vídeo no YouTube:

http://www.youtube.com/watch?v=gqZkZq8p_a0