terça-feira, novembro 09, 2010

Ora, pois!



Rodrigo Constantino

Deu no Financial Times: "Bancos portugueses abrem fogo contra a Fitch". A agência de risco decidiu cortar os ratings de alguns bancos portugueses, entre eles o Banco Espírito Santo (BES). A Fitch justificou sua decisão com base no aumento do risco de liquidez, assim como na deterioração no desempenho doméstico e na qualidade dos ativos. O BES não gostou nada da decisão, e já ameaça terminar seu contrato com a agência de risco, o que reacende o conflito de interesses da natureza desta troca: quem tem a qualidade do risco avaliada é quem paga ao avaliador! O cliente não costuma sorrir quando o veredicto é negativo.

O fato é que a percepção de risco na Europa voltou a subir recentemente. Comentários de Angela Merkel jogaram lenha na fogueira, pois a líder da Alemanha disse que os detentores de títulos de governos europeus terão que compartilhar o esforço de ajuste das contas públicas. O spread dos títulos do governo português em relação aos títulos do governo alemão já está acima de 450 pontos base (vide gráfico). Isso quer dizer que a rolagem de títulos do governo português custaria cerca de 4,5% ao ano A MAIS que o custo do governo alemão! A Grécia, o país em pior situação dentro dos PIIGS (Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha), tem um spread de 850 pontos base. Trata-se de situação praticamente falimentar.

Os mercados celebram a nova injeção de liquidez do Fed, mas o fantasma da crise européia ainda assombra os investidores. As reformas até agora foram paliativas. Os governos ganharam um pouco de tempo, mas ainda precisam enfrentar os problemas estruturais de seu modelo falido. Para piorar, ainda há o risco de uma guerra comercial no mundo, caso as lideranças do G20 não se entendam na próxima reunião. Isso sim, seria um verdadeiro caos para os mercados. Espera-se que o bom senso prevaleça, contra o populismo com foco no curto prazo.

3 comentários:

Anônimo disse...

Rodrigo,

No site usdebt.clock.org afirma-se que em 2015 a dívida americana será de 17 trilhões de dólares. Quais podem ser, a seu ver, as conseqüências?

Drunkeynesian disse...

Preço de CDS (gráfico) não é sinônimo de spread da dívida (texto).

http://www.investopedia.com/terms/c/creditdefaultswap.asp

Anônimo disse...

Rodrigo,

No final das contas a mão invisivel contiua valendo, as coisas se resolve através da ação humana, do mercado. como o entendimento e de difícil assimilação fica parecendo que foi a ação dos governos que resultou no fim da crise.

Falou...