sábado, março 26, 2011

A onda dos ressentidos



Rodrigo Constantino

Após ler o ótimo texto de Bruno Garschagen no OrdemLivre.org, sobre a sedução do poder, segui sua dica e aluguei o filme "A Onda" (2008) para assistir. Excelente filme! Recomendo a todos. O mais impressionante, em minha opinião, não é nem o fato de o poder corromper, mas sim a atração que a sensação de pertencer a um grupo coeso desperta nas pessoas, especialmente nos mais ressentidos.

A menina que não tinha namorados e sentia forte inveja da outra, mais independente e namorando o garoto popular da escola; o pobre garoto rejeitado, excluído do grupo, que parecia disposto a fazer qualquer coisa em troca de aceitação; esses são os tipos mais suscetíveis ao encanto das ideologias coletivistas, como o nazismo e o comunismo. Quando todos se vestem da mesma forma, se identificam com os mesmos gestos, marcham em ritmo único, então não há mais espaço para o indivíduo. E tudo aquilo que mais incomoda uma pessoa sem auto-estima é a diferença entre indivíduos. Ela a obriga a enxergar seus defeitos, sua covardia, sua inveja, bem diante do espelho.

O coletivismo vem oferecer "completude" a estes fracos, um sentido de "família" onde todos são iguais, uma tribo cujo líder assume o controle representando cada um dos membros, que podem então abrir mão da responsabilidade por suas vidas. Regimes e instituições totalitárias sacrificam, em primeiro lugar, justamente o indivíduo. Este é mortificado em nome do "bem geral". "Por que só ela pode ter um namorado legal e eu não?", eis o tipo de angústia que leva uma massa de ressentidos em direção aos regimes totalitários.

Nazismo e comunismo sempre lutaram pelo mesmo tipo de alma. A onda que varreu aquela sala de aula - o filme é baseado em fatos verídicos de uma experiência que ocorreu na Califórnia em 1967 - é a onda do coletivismo, que atende às demandas dos mais ressentidos e invejosos. Corram para as locadoras e aluguem este ótimo filme. Não vão se arrepender.

7 comentários:

Míriam Martinho disse...

Rodrigo,

postei a versão americana em meu blog. Para quem quiser conferir (ou baixar o vídeo), Contra o Coro dos Contentes: Filme "A Onda" ou como se constrói a submissão ao totalitarismo! http://t.co/XyzQQCW

Abs,

Anônimo disse...

perfeito e maravilhoso
O comunismo- petismo-socialismo nada mais é do que INVEJA PURA dos que litam, estudam,, edificam, produzem, acontecem

Bruno Leão disse...

Ótimo filme mesmo! Taí mais um lado obscuro do coletivismo.

Anônimo disse...

Rodrigo, este artigo nos remete a uma questão que você discute bastante, que é a da iveja e ressentimento. Você muito já demonstrou os prejuizos públicos que tais sentimentos causam, e da necessidade de conte-los assim sendo. mas queria saber tua opinião quanto este problema e sua solução, caso exista, em nivel pessoal, ou seja, o que você recpmendaria a um ressentido, caso isso não seja um "caso perdido". Tambem queria saber se se uma pessoa reconhece a superioridade de outros em alguma coisa mas então busca melhorar para tentar ter a mesma excelencia que estes outros tem se isso seria uma forma de ressentimento também.

rodrigo disse...

Constantino, eu ainda acredito que um país governado por um bom ditador, uma autocracia (uma utopia tbém), teria tudo para dar certo. O problema é criar essa situação (colocar no poder um cara honesto, inteligente, justo, incorruptível, que sabe dar a liberdade a pessoas até onde essa liberdade não prejudica injustamente outras, etc). Num contexto desses imagino que invejosos, rejeitados e similares teriam os mesmos "problemas" que têm numa boa democracia. Colocar no poder o cara que citei no início, via democrática, poderia até ocorrer, mas vc sabe que esse tal poder numa democracia é muito, muito restrito...

João disse...

Gozado que a primeira vez em que ouvi falar desse filme - em uma versão mais antiga - foi por um professor - comunista - de história, na 6ª série, em 1989.

Anônimo disse...

Rodrigo, há uns dias atras perguntei sua opinião quanto a esses tópicos sobre o assunto da inveja e não houve resposta. Desculpe por implicar, mas gostaria de saber o que pensa sobre o que citei. Obrigado