segunda-feira, julho 22, 2013

Crédito murchando

Rodrigo Constantino

Deu na FolhaDemanda de crédito empresarial tem pior 1º semestre desde 2009, diz Serasa

A demanda das empresas por crédito diminuiu 4,7% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com a Serasa Experian. Foi o segundo pior desempenho para um primeiro semestre desde 2007, início da série histórica do indicador. Antes desse resultado, o pior tinha sido o de 2009, quando a queda chegou a 6,7%.

Tomando apenas o mês de junho houve uma pequena recuperação na demanda por crédito, com aumento de 0,6%, ante queda de 9% em maio.

No semestre, a queda se concentrou nas micro e pequenas empresas (menos 6,8%), já que entre as médias e grandes houve avanço, de 6,3% e de 18,6%, respectivamente.

Para a Serasa, a inflação elevada, as incertezas quanto à recuperação da atividade econômica doméstica e a alta dos juros afetaram a busca das empresas por recursos neste ano.

Na análise por setor, a demanda caiu mais entre as empresas comerciais (menos 7,4%), seguidas pela indústria (queda de 6,2%). Entre as empresas de serviços o recuo foi bem menor, de 1,0%.
Como sabemos, para o crescimento do crédito ser sustentável, ele precisa ter lastro na poupança, ou seja, empresta-se aquilo que antes foi poupado. Não é possível emprestar indefinidamente acima da taxa de poupança, pois a fatura terá de ser paga algum dia. Compensar isso com empréstimos externos tampouco é solução, pois os credores estrangeiros também vão querer seu dinheiro de volta eventualmente.

No Brasil, o governo tem sido o grande responsável pelo aumento do crédito. Os bancos privados, receosos com a inadimplência, pisaram no freio, enquanto o governo pisou fundo no acelerador. A Caixa expandiu sua carteira total de crédito em 45% em 2012. Os bancos públicos já respondem pela metade de todo o crédito no país. A decisão, com certeza, não é econômica, e sim política. 

Isso não pode acabar bem. Os próprios tomadores de empréstimo vão acusar do golpe e recuar, como pode estar acontecendo, ou então o governo vai criar - se já não criou - uma bolha creditícia, que quando estourar deixará um rastro de desgraça. Não podemos fugir das inexoráveis leis econômicas. O alerta de Mises é sempre atual e válido:

Não há meio de evitar o colapso final de um boom de expansão provocado pela expansão do crédito. A alternativa é apenas se a crise deve vir mais cedo, como o resultado de um abandono voluntário de mais expansão de crédito, ou mais tarde, como uma catástrofe definitiva e total do sistema monetário envolvido.

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